quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Impermanência e perplexidade

Como principiar? Certamente pelo princípio. Assim direi que o que nos vale é a consciência da relatividade de todas as coisas. Vivemos na impermanência, tudo está em contínuo devir: coisas físicas, estados de espírito, modas, ideologias, religiões. Dê-se algum tempo ao tempo, pouco ou muito, e apercebemo-nos, no âmbito curto das nossas vidas ou no, imenso, da História da Humanidade ou do planeta que nos suporta, que o ovo apodrece, a manteiga rança, o organismo decai, as modas passam, esquecem-se as religiões, deslocam-se os continentes, secam os rios, caem as montanhas, extingue-se o planeta, apaga-se o sol. Dê-se apenas tempo ao tempo e tudo se transforma radicalmente. Isto pode ser fundamento para a solidariedade e o desapego.
Mas esta tese também é perecivel e, sendo-o, confirma-se a si própria e a si se contradiz. Conclusão: nada sabemos e apenas nos resta a esperança de não existirmos para nada.

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