sábado, 21 de novembro de 2009

20 de Novembro de 2009. Revisitei, enfim, a segunda Universidade em que investi o meu cuidado. Agora, com alguns anos de reforma, recordei a correnteza de alunos que me couberam e o que neles terei deixado para a vida. Trinta e sete anos de labor, percorreram-me gerações, morreu-me o filho, houve a revolução de Abril e a academia enlouqueceu por uns anos. Depois vieram o computador, o telemóvel, o multibanco, o euro; e os licenciados ressurgiram mais tarde, ora ministros, ora juízes, ora presidentes disto e daquilo. Muitos eclipsaram-se dos noticiários. De quase todos, se os reencontro, vem o abraço. Por singular impulso, não posso evitar reconduzi-los à imagem que deles me ficou no momento da licenciatura. Esta visão reveste-os de um perene verdor, duma espécie de adolescência embutida na maturidade com que os outros os vêem. Dá a TV o ministro de tal pasta e evoco o aluno; fala o governador de qualquer coisa e salta-me à memória o pândego que me aparecia enfarruscado no desvario das praxes; sentencia o juiz e retorna ele ao cenário da mente a abordar-me com as páginas chichadas do que nas aulas ia colhendo.
Passou a torrente deles e delas e resta-me o conforto de lhes ter dado um pouco (semente, ou água, ou fertilizante) de que se alimentou a árvore do seu actual estatuto. Esta condição de antigo professor suscita não pouca filosofia.

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