O "Haiku" é um pequeníssimo poema da tradição japonesa, espécie de molécula verbal que busca exprimir-se mais pelo que insinua do que pelo efectivamente escrito. Há milhares de praticantes em todo o mundo. Escrevo às vezes o que imita pobremente um "haiku", mesmo que não obedeça à rigorosa métrica do género. Eis seis exemplares que têm a vantagem duma gestação fulminante:
O vento corre
pelo rio
... que se amarrota.
Passa no arvoredo
o som que ninguém ouve.
Será som?
Embora bruta,
a pedra traça no ar
sábia geometria.
Na pálpebra do poente
a última lágrima de luz.
Cada ano passado
é martelada
num amigo que se vai.
Vaza o mar com a maré
e o peixe ignora a razão.
sábado, 20 de novembro de 2010
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