Oh mãe, manda por correio...: Aventuras entre os lençois: Estava eu um dia a dormir entre os lençóis de princesa, quando (às 4 da manhã) acordo sobressaltada com uma frase tocante e inspiradora:
O que significa! Salta aos olhos e aos ouvidos! LOL
domingo, 16 de novembro de 2014
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Desporto
O fenómeno desportivo! O que é um desporto? É um código de convenções acerca do modo como uma pessoa ou um punhado delas se devem comportar manobrando ou não qualquer coisa exterior ao seu corpo. Qual o objectivo? Resume-se no estrito cumprimento de umas quantas regras arbitrariamente consagradas e que visam um resultado que se convencionou chamar “vitória”. Pode tratar-se de lançar um objecto para um orifício ou qualquer espaço previamente definido; ou empurrar uma coisa deslizante de modo que ela bata ou não noutra coisa deslizante; ou empurrar vezes sem conta um objecto para junto de um segundo indivíduo que logo o devolve ao primeiro; ou esmurrar uma pessoa violentamente segundo regras pré-definidas; ou erguer um peso descomunal, etc, etc. Estas manifestações ditas desportivas podem ocorrer em terra firme, no gelo, no mar ou no ar, e chegam a despertar o entusiasmo de multidões.
Nenhuma invenção pode ser tão exótica que não seja digna de tornar-se um desporto. Basta que distraia as pessoas e a sua prática não se considere ilegal ou perigosamente deletéria.
Acresce que nenhum desporto está imune à contingência de se formar um clube que junte os seus devotos. Há clubes pequenos e grandes, e desportos que se prestam às vastas multidões ou se fiquem pelo módico ajuntamento de uns quantos aficionados.
Os clubes grandes podem oferecer glória e dinheiro, criar heróis e gerar fortunas espantosas, por vezes obscenas, em recompensa quer de os dirigir, quer de exibir o tal jeito de melhor meter no buraco, esmurrar o antagonista, mandar para lá e para cá uma bola, ou qualquer outra façanha de igual projecção.
E o curioso é que um dado clube, sua bandeira, hino e animal mascote envolvam as pessoas numa paixão tão exacerbada que todas as atitudes dos seus praticantes (muitas vezes ditos “atletas”) sejam ardentemente apoiadas e as recompensas que auferem não mereçam a menor crítica por exorbitantes que sejam. Acresce ainda na paixão clubística uma estranha particularidade: pode mudar-se de cônjuge, de partido, de crença religiosa, de posição doutrinal, mas não se muda de clube.
Que há de profundamente mobilizador das almas na militância desportiva que sobreleva em firmeza todos os outros compromissos sociais? Mistério!
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Mensagens
Mensagens
E chegam pelo facebook mensagens de gente nova, filhos e filhas de afilhados, sobrinhos balbuciantes de amigos, criaturas cheias de seiva a sair do bago. Intercomunicam de forma cheia de síntese e com uma profundidade de conceitos que se resume em "Olá!", "Ih! Ih! Ih!", "Tás a ver?", "Miaaaaau!". Tenho alguma dificuldade em tomar o comboio de tais sínteses. Mas acho piada a esta nova maneira de extravasar da concha sem nada dizer de substancial. Sem interjeições, aqui vai um abraço para todos.
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
I'm back, my friends.
Reparo que há cerca de um ano não visito este meu blog. Disponho-me a regressar depois de uma digressão por áreas nada propícias a inspirar-me. Voltarei numa fase de dificil urgência nacional. Parece, aliás, que nasci fadado a ser comprimido entre duas épocas de aflição pública. Vim ao mundo com a grande crise do começo da década de 30, o mundo em aflição e Portugal empenhado até ao tutano (é a sua sina; estarei não longe de marchar desta perturbadora realidade que é a vida e de marchar no momento em que o aperto do Estado português se excede. Irra!
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
Notas ocasionais
1- Quando eu fazia anos, mimavam-me e punham-me no centro do palco da vida.
Eu, menino, gostava de os fazer.
Hoje, cada aniversário empurra-me para a borda do palco. Estou aqui, estou a cair no fosso da orquestra. E então hão-de os anjos tocar suas harpas e flautas, e ninguém dará por nada.
2 - Se se me partem os óculos, e outros não tenho, tolhem-se do céu todas as galáxias e dos livros o rol de filosofias.
3 - A esmagadora maioria vive na esfera das razões mais imediatas ou diminutas: onde ganhar o maior ordenado, obter o telemóvel em conta e achar as melhores pataniscas. E “como não perecer mal”.
4 - Ninguém, e muito menos eu, tem culpa dos meus defeitos.
5 - As nuvens não passam para dar vida às plantas mas para que eu nelas imagine castelos e caras e coisas.
6 - Dava cem canetas de ouro pela caneta de pau dos meus seis anos.
7 - Percorri com um pulmão arrombado o tempo bastante para descobrirem, enfim, a química salvadora. Por que quis assim Deus garantir mais uns anos ao Universo?
8 - Ao achar o céu encoberto, imagino-me gozando o sol do lado de lá.
9 - O senhor João sapateiro tem a felicidade de ninguém o invejar excepto eu. Vive triangularmente entre a sovela, o copo na loja e um sono nocturno sem sobressaltos.
10 - Às vezes julgo ouvir o pregoeiro dos meus tempos de menino. Só que hoje é alucinação e então era uma senhora que perdera o relógio ou umas santolas, esplêndidas, chegadas do mar.
11 - O que custa não é o não ter, mas o achar que faz falta.
12 - Tenho a esporádica alegria de verificar que entre os meus alunos até há estudantes.
Eu, menino, gostava de os fazer.
Hoje, cada aniversário empurra-me para a borda do palco. Estou aqui, estou a cair no fosso da orquestra. E então hão-de os anjos tocar suas harpas e flautas, e ninguém dará por nada.
2 - Se se me partem os óculos, e outros não tenho, tolhem-se do céu todas as galáxias e dos livros o rol de filosofias.
3 - A esmagadora maioria vive na esfera das razões mais imediatas ou diminutas: onde ganhar o maior ordenado, obter o telemóvel em conta e achar as melhores pataniscas. E “como não perecer mal”.
4 - Ninguém, e muito menos eu, tem culpa dos meus defeitos.
5 - As nuvens não passam para dar vida às plantas mas para que eu nelas imagine castelos e caras e coisas.
6 - Dava cem canetas de ouro pela caneta de pau dos meus seis anos.
7 - Percorri com um pulmão arrombado o tempo bastante para descobrirem, enfim, a química salvadora. Por que quis assim Deus garantir mais uns anos ao Universo?
8 - Ao achar o céu encoberto, imagino-me gozando o sol do lado de lá.
9 - O senhor João sapateiro tem a felicidade de ninguém o invejar excepto eu. Vive triangularmente entre a sovela, o copo na loja e um sono nocturno sem sobressaltos.
10 - Às vezes julgo ouvir o pregoeiro dos meus tempos de menino. Só que hoje é alucinação e então era uma senhora que perdera o relógio ou umas santolas, esplêndidas, chegadas do mar.
11 - O que custa não é o não ter, mas o achar que faz falta.
12 - Tenho a esporádica alegria de verificar que entre os meus alunos até há estudantes.
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Da Natura, da Criação e da Transformação.
No palco do mundo físico, o homem é um mero transformador. Mas transformar não é criar, é recombinar as peças dum puzzle caídas de algures. Se faço um “origami” não crio, transformo. O papel, o tempo e o espaço, desde logo esses, preexistem ao objecto que construo por recombinação. O papel, ele também, é fruto de uma recombinação a partir de ingredientes que preexistem a qualquer esforço humano.
Tudo, a máquina, o vidro, o grafeno, a fibra de carbono, o guarda-chuva, o prédio da esquina, etc, são fruto de recombinações físicas e moleculares de elementos, a montante do processo, que não derivam de qualquer esforço humano. Esses elementos constituem aquilo a que podemos chamar Natureza, acervo imenso de “coisas” que perfazem um conjunto que é gratuito, fixo e heterogéneo. “Gratuito” porque o seu conjunto foi originariamente oferecido à Humanidade; “fixo” porque a Humanidade não tem maneira de alargar o respectivo conjunto; “heterogéneo”, pois comporta elementos tão diversos como a luz solar, a água dos rios e oceanos, o vento, o gelo dos glaciares, o minério no subsolo, a borboleta na Amazónia, a ave que percorre os ares, o tempo, o espaço, etc.
À autoria deste conjunto, a essa sim, deveremos dar o nome de Criação. Tudo, pois, a ela se reporta. Ora o Elemento motor da Criação merece um nome grande e reverenciado—seja Deus, ou outro qualquer que decidamos dar-Lhe. Ele há-de situar-se, logicamente, fora do mundo físico, e à realidade fora do mundo físico dou o nome de “realidade espiritual”, domínio da espiritualidade. Essa realidade espiritual estará “fora” do mundo físico, mas penetrá-lo-á profundamente.
Crer nesse Deus e no facto de Ele, deisticamente, nos conferir alguma relevância (solicitude?) (se lhe fôssemos totalmente indiferentes, qual o propósito de existirmos?) é uma crença que, na impossibilidade de ir mais além, só ela nos baste. Não interessa que traduza irrefutavelmente a verdade (pois que é isso de “irrefutável”?), importa, sim, que disso nos convençamos. A fé é um “salto no escuro”, afinal.
Somos tão minúsculos no enquadramento físico e temporal do Universo que nada poderemos concluir de absolutamente definitivo. Para não tombar no abismo sem fundo, devemos agarrar-nos a uma qualquer protuberância da sua face—e aí deixar que floresça e solidifique a nossa conjectura. Tolhidos pelas quatro forças fundamentais do universo físico, tentar ir mais longe não passa de eterna ginástica do pensamento. A menos que haja o “milagre” da Revelação definitiva. Como se afere?
No palco do mundo físico, o homem é um mero transformador. Mas transformar não é criar, é recombinar as peças dum puzzle caídas de algures. Se faço um “origami” não crio, transformo. O papel, o tempo e o espaço, desde logo esses, preexistem ao objecto que construo por recombinação. O papel, ele também, é fruto de uma recombinação a partir de ingredientes que preexistem a qualquer esforço humano.
Tudo, a máquina, o vidro, o grafeno, a fibra de carbono, o guarda-chuva, o prédio da esquina, etc, são fruto de recombinações físicas e moleculares de elementos, a montante do processo, que não derivam de qualquer esforço humano. Esses elementos constituem aquilo a que podemos chamar Natureza, acervo imenso de “coisas” que perfazem um conjunto que é gratuito, fixo e heterogéneo. “Gratuito” porque o seu conjunto foi originariamente oferecido à Humanidade; “fixo” porque a Humanidade não tem maneira de alargar o respectivo conjunto; “heterogéneo”, pois comporta elementos tão diversos como a luz solar, a água dos rios e oceanos, o vento, o gelo dos glaciares, o minério no subsolo, a borboleta na Amazónia, a ave que percorre os ares, o tempo, o espaço, etc.
À autoria deste conjunto, a essa sim, deveremos dar o nome de Criação. Tudo, pois, a ela se reporta. Ora o Elemento motor da Criação merece um nome grande e reverenciado—seja Deus, ou outro qualquer que decidamos dar-Lhe. Ele há-de situar-se, logicamente, fora do mundo físico, e à realidade fora do mundo físico dou o nome de “realidade espiritual”, domínio da espiritualidade. Essa realidade espiritual estará “fora” do mundo físico, mas penetrá-lo-á profundamente.
Crer nesse Deus e no facto de Ele, deisticamente, nos conferir alguma relevância (solicitude?) (se lhe fôssemos totalmente indiferentes, qual o propósito de existirmos?) é uma crença que, na impossibilidade de ir mais além, só ela nos baste. Não interessa que traduza irrefutavelmente a verdade (pois que é isso de “irrefutável”?), importa, sim, que disso nos convençamos. A fé é um “salto no escuro”, afinal.
Somos tão minúsculos no enquadramento físico e temporal do Universo que nada poderemos concluir de absolutamente definitivo. Para não tombar no abismo sem fundo, devemos agarrar-nos a uma qualquer protuberância da sua face—e aí deixar que floresça e solidifique a nossa conjectura. Tolhidos pelas quatro forças fundamentais do universo físico, tentar ir mais longe não passa de eterna ginástica do pensamento. A menos que haja o “milagre” da Revelação definitiva. Como se afere?
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Circunvagando (1ª Etapa)
Circunvagando (1ª etapa)
Entre 7 e 20 de Fevº de 2011 andei resignadamente pelas veredas que separam a saúde de algo que merece um nome impreciso e leva-nos sabe-se lá onde. Experimentei um regime de antipiréticos, agasalho, inalações, méis e chás anti-tússicos; acompanhou tudo isto um médico que pretendeu evitar a pneumonia a um doente resignado e à mercê. Ora este último, no momento em que vê a febre recuar por força dum antibiótico, nota aquela dor num dedo do pé, que trepa ao tornozelo. Pé e tornozelo incham disfarçando-se de uma cor-de-rosa que não engana.
A coisa, dor, cor e inchaço dá pelo nome mesquinho de gota. A gota caracterizava os nobres ingleses e abrange não só vítimas inocentes como ainda os descuidados na ingestão de quase tudo o que dá especial deleite ao paladar. Considero-me entre os inocentes.
Quando o médico da fita recomenda a um Oliver Hardy tolhido por um pé de elefante que evite o “high living”, o companheiro Stan Laurel logo propõe que os dois se transfiram para a cave. Piadas assim aliviam-nos. O mais do enredo não vem para aqui chamado, mas o curioso é que, se o meu corpo convalescente não seguiu o alvitre de Laurel, o meu espírito subiu a outros andares: o das estrelas.
Pois achei mesmo na mornidão do quarto, entregue às minhas lucubrações, dois tipos de estrelas, um que me repugna, outro que me embalou a imaginação. No primeiro tipo depararam-se-me aqueles astros anões que se nutrem da influência política da estrela a cuja órbita se acolhem, e à sua sombra gozam benesses vitalícias e grossas impunidades. Pequenos asteróides de poeira e gelo, atracam a um partido, sugam o que podem, e julgam-se senhores de toda a constelação a que os prende a força gravitacional do interesse próprio. Aparentemente grandes, são realmente minúsculos.
Mas (oh! ai! ena! - sei lá!), mais importante, achei por acaso uma luzinha dos céus que, ao fim de tantos anos de eu a julgar uma estrela minúscula, se revelou uma galáxia de tremendo porte. À vista desarmada, fica ali à beira da Ursa Maior, ao ladinho da pega da concha onde se situam as estrelas Alkaid e Mizar, que são as primeiras. A gente esboça para cima um triângulo rectângulo isósceles que tem por hipotenusa o segmento que as une. Sensivelmente no vértice do ângulo recto, divisa-se o dito brilhozinho que mal se revela à vista desarmada.
Qualquer engripado encerraria por aqui a sua chateza.
Mas ao brilhozinho chamam-lhe os astrónomos M101. E agora o pasmo: trata-se da “galáxia Pinwheel”, monstro celeste muito maior do que a nossa Via Láctea. “Pinwheel” quer dizer “ventoinha”, como aquelas, de papel, que na minha infância eu punha a rodar ao vento espetadas num alfinete. Situa-se esta a 25 milhões de anos-luz da Terra. As sete estrelas principais da Ursa Maior distam do meu quarto uns “breves” 60 a 120 anos-luz. O “nosso” Sol, que nos ilumina os dias, prossegue esbaforido à bagatela de nove minutos.
Há, pois, coisas ínfimas que a nossa vista imperfeita considera enormes, a par de outras que tomamos por valiosas e não passam de flatulências.
Existirá um critério de medida universal? Como não há, julgamo-nos relevantes. Quem apenas vê o mundo pela epiderme vai medrando às escuras. Mas se alcança mais curiosas profundidades, retira inesperada linfa de desertos reais ou aparentes.
Entre 7 e 20 de Fevº de 2011 andei resignadamente pelas veredas que separam a saúde de algo que merece um nome impreciso e leva-nos sabe-se lá onde. Experimentei um regime de antipiréticos, agasalho, inalações, méis e chás anti-tússicos; acompanhou tudo isto um médico que pretendeu evitar a pneumonia a um doente resignado e à mercê. Ora este último, no momento em que vê a febre recuar por força dum antibiótico, nota aquela dor num dedo do pé, que trepa ao tornozelo. Pé e tornozelo incham disfarçando-se de uma cor-de-rosa que não engana.
A coisa, dor, cor e inchaço dá pelo nome mesquinho de gota. A gota caracterizava os nobres ingleses e abrange não só vítimas inocentes como ainda os descuidados na ingestão de quase tudo o que dá especial deleite ao paladar. Considero-me entre os inocentes.
Quando o médico da fita recomenda a um Oliver Hardy tolhido por um pé de elefante que evite o “high living”, o companheiro Stan Laurel logo propõe que os dois se transfiram para a cave. Piadas assim aliviam-nos. O mais do enredo não vem para aqui chamado, mas o curioso é que, se o meu corpo convalescente não seguiu o alvitre de Laurel, o meu espírito subiu a outros andares: o das estrelas.
Pois achei mesmo na mornidão do quarto, entregue às minhas lucubrações, dois tipos de estrelas, um que me repugna, outro que me embalou a imaginação. No primeiro tipo depararam-se-me aqueles astros anões que se nutrem da influência política da estrela a cuja órbita se acolhem, e à sua sombra gozam benesses vitalícias e grossas impunidades. Pequenos asteróides de poeira e gelo, atracam a um partido, sugam o que podem, e julgam-se senhores de toda a constelação a que os prende a força gravitacional do interesse próprio. Aparentemente grandes, são realmente minúsculos.
Mas (oh! ai! ena! - sei lá!), mais importante, achei por acaso uma luzinha dos céus que, ao fim de tantos anos de eu a julgar uma estrela minúscula, se revelou uma galáxia de tremendo porte. À vista desarmada, fica ali à beira da Ursa Maior, ao ladinho da pega da concha onde se situam as estrelas Alkaid e Mizar, que são as primeiras. A gente esboça para cima um triângulo rectângulo isósceles que tem por hipotenusa o segmento que as une. Sensivelmente no vértice do ângulo recto, divisa-se o dito brilhozinho que mal se revela à vista desarmada.
Qualquer engripado encerraria por aqui a sua chateza.
Mas ao brilhozinho chamam-lhe os astrónomos M101. E agora o pasmo: trata-se da “galáxia Pinwheel”, monstro celeste muito maior do que a nossa Via Láctea. “Pinwheel” quer dizer “ventoinha”, como aquelas, de papel, que na minha infância eu punha a rodar ao vento espetadas num alfinete. Situa-se esta a 25 milhões de anos-luz da Terra. As sete estrelas principais da Ursa Maior distam do meu quarto uns “breves” 60 a 120 anos-luz. O “nosso” Sol, que nos ilumina os dias, prossegue esbaforido à bagatela de nove minutos.
Há, pois, coisas ínfimas que a nossa vista imperfeita considera enormes, a par de outras que tomamos por valiosas e não passam de flatulências.
Existirá um critério de medida universal? Como não há, julgamo-nos relevantes. Quem apenas vê o mundo pela epiderme vai medrando às escuras. Mas se alcança mais curiosas profundidades, retira inesperada linfa de desertos reais ou aparentes.
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